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Foto do escritorDonario Lopes de Almeida

Controle digital de pragas reduz 45% o uso de defensivos

Embrapa utilizou o AgroTag, aplicativo gratuito e multitarefas, para gerar mapas no combate a percevejos


Um experimento conjunto entre a Embrapa e a Cooperativa Cocamar, conduzido no norte do Paraná, comprovou que as tecnologias digitais aumentam a eficácia do manejo integrado de pragas.


Durante uma safra de soja 2019/2020, foram utilizadas geotecnologias (e.g. georreferenciamento e espacialização de dados) por meio do app Agrotag , disponível gratuitamente no Google Play, para racionalizar a aplicação de inseticidas no controle de percevejos na cultura.


Os resultados mostraram redução de até 45% no uso de produtos químicos e melhoria na qualidade dos grãos. A pesquisa, que reuniu equipes da Embrapa Soja (PR), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Embrapa Informática Agropecuária (SP), se baseou no conceito de zonas de manejo.


A estratégia de amostragem de pragas une conhecimentos digitais e agronômicos para criar mapas de distribuição espacial de percevejos e orientar as máquinas de pulverização a fazer as aplicações apenas em áreas indicadas para os controles químico e biológico.

“Cada dia mais, o conceito de zonas de manejo ganha força com o auxílio e a inclusão de ferramentas digitais no dia a dia da agricultura. Conhecer o comportamento de cada talhão dentro da propriedade, está na lista de prioridades de quem quer produzir bem”, explica o pesquisador da Embrapa Samuel Roggia, líder do projeto de pesquisa.


Grãos melhores


A pesquisa acompanhou três estratégias para manejo de percevejo com controle químico. Uma área foi manejada com o conceito de zonas de manejo e aplicação localizada (AP + MIP); outra por manejo integrado de pragas, considerando o controle em área total do talhão quando a população da praga atingia o nível de controle (MIP); e a terceira considerou a prática de manejo de percevejo tradicional da propriedade em área total.


“O diferencial da aplicação localizada por zonas de manejo em relação à aplicação do MIP em área total e ao manejo tradicional é que, além de economizar produto, a aplicação localizada apresentou maior qualidade do grão, com menos grãos picados por percevejos”, revela Roggia.



Prova de conceito verificou resultados positivos na comparação com três estratégias de controle diferentes. (foto – assessoria Embrapa)


Os experimentos foram conduzidos em uma lavoura de soja Intacta, no norte do Paraná, onde foi realizado o levantamento georreferenciado de percevejos utilizando o Agrotag, um aplicativo desenvolvido pela Embrapa para celular e outros dispositivos móveis que permite trabalhar com georreferenciamento.


Ao longo da safra, foram gerados mapas semanais da distribuição dos percevejos na lavoura e aplicadas as diferentes estratégias de manejo de pragas.

“Esses mapas são migrados para um pulverizador, que é utilizado apenas onde é necessário. Ou seja, quando é atingido o nível de controle da praga de dois percevejos por pano de batida” explica o pesquisador da Embrapa Luiz Eduardo Vicente, especialista em sensoriamento remoto e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Agrotag.




A geração dos mapas de distribuição espacial de percevejos foi realizada pela Embrapa Informática Agropecuária, por meio de cruzamento de dados das áreas amostradas com a ferramenta de análise geoestatística.


A geração do mapa parte do princípio que a distribuição dos percevejos na lavoura não ocorre ao acaso, mas segue uma distribuição dependente do espaço e da data de cada avaliação realizada em campo.


“Para isso, os dados georreferenciados foram submetidos a cálculos matemáticos, gerando dados interpolados com melhor precisão para o mapeamento, o que direciona a tomada de decisão para o controle do percevejo no campo,” detalha a pesquisadora da Embrapa Célia Regina Grego.


Economia em defensivos


Comparando a soma das aplicações nas áreas monitoradas, o controle localizado (AP + MIP) reduziu o uso de inseticidas em torno de 17% em relação ao MIP aplicado em área total. Porém, comparando a aplicação localizada (AP) ao manejo tradicional, a redução do uso de inseticidas foi de 45%.


A pesquisa mostrou um caminho para desenvolver ferramentas mais práticas para o agricultor ter como aliadas no monitoramento de pragas. O conceito de zonas de manejo torna possível setorizar a informação na lavoura. Com a pulverização direcionada, algumas áreas passaram longo tempo sem receber inseticidas.


“Nesses casos foi observada maior ocorrência de agentes de controle biológico, principalmente de predadores. Assim, a aplicação localizada permite proteger a lavoura do ataque de percevejos, aplicando inseticida onde ele é necessário e preservando os agentes de controle biológico nos locais que não precisam receber inseticidas”, pondera Roggia.


Os resultados preliminares foram animadores. “O grande desafio hoje do agricultor é tirar mais do mesmo talhão. Ele já está convicto de que a fazenda não é igual e que cada talhão precisa ser tratado de maneira específica. Não dá mais para tratar o todo pela média”, destaca Elizeu Vicente dos Santos, gerente de agricultura de precisão da Cocamar Máquinas.


Agrotag


Para testar o conceito de pesquisa de zonas de manejo de percevejo, os pesquisadores da Embrapa conduziram o levantamento georreferenciado de percevejos utilizando o Agrotag, aplicativo para celular e outros dispositivos móveis, primeira plataforma multitarefa da Embrapa voltada para dados geoespaciais.


A plataforma foi uma das primeiras iniciativas em geotecnologias no mundo para o monitoramento de redução de Gases de Efeito Estufa (GEEs) na agricultura. Ela permite o acesso aos dados coletados em campo e compartilhamento entre grupos sobre diversos tópicos com acesso a fotos e desenhos também georreferenciados, possibilitando a atualização das informações da propriedade a cada safra.


O Agrotag hoje constitui-se num modelo avançado de transferência de geotecnologias na Embrapa com base no conceito de redes colaborativas (crowdsourcing), sendo que o monitoramento de percevejo em soja é um dos melhores exemplos de informações geoespaciais, as quais antes só estavam acessíveis em softwares complexos e restritos.


“A ideia é que com o aumento do uso do Agrotag, tendo como base a permeabilidade estratégica que a Embrapa possui na agricultura brasileira, o conceito de rede colaborativa se fortaleça. Isso vai subsidiar ações em larga escala e de baixo custo, de mitigação e prevenção do avanço de pragas, incidindo diretamente na melhoria de todo o processo produtivo”, destaca Vicente. (com informações da assessoria da Embrapa)


Fonte: AG|Evolution / Canal Rural

Imagens: Divulgação AG|Evolution / Canal Rural

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