Foi realizado nesta semana o primeiro webinar do projeto HackatAgro 2020. A atividade reuniu especialistas e agentes de inovação para falar sobre um dos maiores desafios da atualidade para o agronegócio: a conectividade. O primeiro evento, de uma série de seis webinars, recebeu o presidente da Farsul, Gedeão Pereira; o secretário de Inovação e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Luis Lamb; o diretor Digital América do Sul da New Holland, Gregory Riordan; o presidente da InternetSul, Ivonei Lopes; o diretor de Relações Institucionais da TIM Brasil, Leandro Guerra; e o diretor de Marketing da Hughes, Rodrigo Cavalieri.
Ressaltando a relevância dos convidados, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, falou da necessidade de seguir evoluindo nas questões tecnológicas, principalmente no que diz respeito a disponibilidade de conexão no campo. Ele enfatizou a preocupação dos produtores que adquirem máquinas com tecnologia embarcada, mas não conseguem usufruir dos resultados totais em performance devido à falta de internet. “O campo não pode esperar. Precisamos levar essas tecnologias inovadoras ao campo. Temos a responsabilidade, como produtores, empreendedores, especialistas e agentes públicos, de nos unirmos para seguir fazendo a diferença no país. Crescendo aqui, estamos levando soluções de alimentação para o mundo”, complementou.
A importância das temáticas abordadas no evento foi exaltada pelo secretário de Inovação e Tecnologia do RS, Luis Lamb. Ele falou sobre ações desenvolvidas em parceria entre governo, pesquisadores, empreendedores e empresas locais em prol da disseminação de soluções tecnológicas para diversos setores da sociedade, incluindo o agronegócio, responsável, segundo ele, por cerca de 50% da economia local, desde a produção até a comercialização. “Não podemos aceitar que ainda existam locais sem energia e internet. Como vamos educar as crianças que não vivem na zona urbana assim?”, questionou.
O diretor Digital da New Holland, Gregory Riordan, se mostrou satisfeito em ver que inúmeras ações já estão programadas ou sendo realizadas em relação ao processo de digitalização do agro gaúcho. Apresentou um breve histórico sobre a evolução das máquinas utilizadas no campo e como se desenvolveu o processo de tecnologia implantado nelas. Segundo ele, a evolução da tecnologia embarcada para uma agricultura digital permite, atualmente, que todas as informações geradas e captadas pelas máquinas sejam utilizadas para a tomada de decisão, seja em conjunto com o produtor ou independente. “Essa evolução exige, cada vez mais, da conectividade e não na sede da fazenda, mas no meio do campo, onde as coisas estão de fato acontecendo”, completou Gregory.
De acordo com ele, isso permite suporte remoto, garantindo a disponibilidade da máquina na maior parte do tempo; uma frota melhor gerenciada, mais otimizada e um manejo agronômico sem desperdício. “A conectividade é uma aliada extremamente importante para que o produtor fique gerenciando a operação enquanto a máquina capta os dados, permitindo interpretações e ajustes em tempo real para garantir melhor plantio e colheita”, destacou.
O presidente da InternetSul, Ivonei Lopes, apresentou um mapa com a cobertura atual de internet no RS. Segundo ele, as regiões Oeste, Campanha e Sul são as que enfrentam maiores desafios. A área Serrana, em determinados locais, também tem problemas de sinal. De acordo com Ivonei, os provedores de internet buscam atender todo o mercado com redes que, inclusive, não dependem de energia elétrica, utilizando, por exemplo, painéis solares nos morros. Para resolver ou amenizar essas dificuldades, a InternetSul, representante dos provedores de internet do RS, traçou algumas metas para o avanço tecnológico. Expansão da rede de fibra óptica e ampliação da rede de atendimento com acesso banda larga de alta capacidade em áreas rurais são algumas delas. “Nosso maior desafio é oferecer nas áreas rurais não somente um sinal, mas um sinal de qualidade, que possibilite o desenvolvimento das atividades no campo”, destacou ele.
Essa lacuna de sinal pode ser confirmada nos dados divulgados por estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), que mostrou que apenas 5% da área agriculturável do país está conectada à internet, principalmente em grandes propriedades. De acordo com o diretor de Relações Institucionais da TIM Brasil, Leandro Guerra, levar a conectividade ao campo é um desafio imenso, visto que o Brasil tem 80 milhões de hectares de área produtiva.
Segundo ele, para ampliar essa cobertura de sinal é necessário que haja cooperação entre iniciativa privada, por meio do compartilhamento de infraestrutura entre os diversos provedores e diferentes setores. Além disso, é preciso que haja um alinhamento de políticas públicas que acelerem o desenvolvimento da conectividade no campo.
Leandro Guerra afirma ainda que o objetivo até 2021 é ter pelo menos 13 milhões de hectares com cobertura de internet. Atualmente, esse número é de 5 milhões. Para isso, serão utilizadas torres de 80 metros de altura visando uma amplitude de sinal maior. Para ele, tão importante quanto conectar as coisas e as máquinas, é conectar as pessoas. “As pessoas precisam ser o centro do processo. No momento que levamos internet para o campo, oferecemos maior qualidade de vida para quem trabalha e vive lá, possibilitando acesso à informação, à saúde e ao ensino. Isso garante a permanência das pessoas no campo”, destacou.
Para o diretor de Marketing da Hughes, Rodrigo Cavalieri, a conectividade no campo é, também, uma questão social, de inclusão. Ao encerrar a abordagem sobre o tema proposto para o primeiro webinar, Rodrigo falou sobre a cobertura de sinal possibilitada pelos satélites. Segundo ele, a tecnologia é indicada para regiões não ou mal atendidas pelo serviço de fibra óptica ou das fornecedoras de telecomunicações. Entre os maiores benefícios do serviço, Rodrigo destaca a permanência dos filhos de produtores no campo, uma vez que com internet é possível que eles tenham acesso à educação sem precisar se deslocar para as zonas urbanas, além do crescimento dos negócios com a divulgação dos produtos gerados no campo.
Esse foi o primeiro de uma série de seis webinars que compõem a programação do HackatAgro 2020. A segunda edição está prevista para o inicio de outubro e abordará questões relacionadas a custos de produção. O HackatAgro é realizado pela Comissão de Inovação da Farsul e produzido pela agência Neodigital. O projeto conta com o apoio das empresas Kepler Weber, Husqvarna, Unifértil e New Holland/Fortral e parceria institucional de TecnoPUC, UFRGS/Zenit, UFSM/AGGITEC, Tecnosinos, Sebrae RS, Emater RS, Pacto Alegre, Associação Brasileira de Marketing e Agronegócio (ABMRA), Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG) e Associação Anjos do Brasil.
Redação: Manuelle Motta
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